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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Processo Penal, Avanço ou Retrocesso?

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Maio, 2011

Publicada a 05 de maio corrente, para vigência a partir de 05 de julho próximo, a Lei nº 12.403/2011, que altera dispositivos do Código de Processo Penal (CPP) alusivos à prisão processual, medidas cautelares de natureza penal, fiança e liberdade provisória, vem sendo alvo de elogios e críticas.

Há os que reconhecem que o velho CPP de 1941, realmente ostentava deficiências não compadecentes com princípios da constituição de 88, sobretudo quanto à proteção da dignidade da pessoa humana (como é o caso da presunção de inocência), além de encerrar desconfortos outros com postulados doutrinários e jurisprudenciais consagrados.

Restrições são feitas pelos que entendem que a Lei, na prática, esvazia o instituto da Prisão Preventiva ao restringi-la a crimes dolosos para os quais o Código Penal estabeleça pena máxima superior a 4 (quatro) anos. Nos crimes considerados menos graves – que são muitos e, alguns, nada releváveis – a prisão preventiva estaria abolida, substituída por medidas cautelares de difícil fiscalização e duvidosa eficácia, propiciando mais asas à impunidade.

De fato, a lei modifica o Código de Processo Penal positivando como alternativas ao encarceramento provisório, agora excepcional nos crimes de menor potencial ofensivo, doze medidas a serem adotadas preferencialmente (Art. 319):

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

O artigo 312, no entanto, alerta que “a prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares”. Ou seja, das medidas acima.

Logo, o diabo não é tão feio como o pintam. Está aí o noticiário internacional informando que o ex-diretor do FMI, Strauss-Kahn, pagou fiança altíssima e está sob prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico e acompanhado por guarda. Exemplo de medidas cautelares, cumulativas, aplicadas com critérios de proporcionalidade e razoabilidade, em substituição à prisão provisória.

É, lá como cá, a lei disponibilizando aos operadores do direito medidas alternativas ao xadrez. Dizer que se trata de proteção embutida a criminosos de colarinho branco é meia verdade. O número de pobres que se beneficiarão dessas mesmas normas é, certamente, bem maior. (Não se diz que cadeia é escola de crime?) Quanto aos ricos, a fiança de até 100 salários mínimos – 200 nos crimes graves – multiplicados por mil, como permite o art. 325-I e II, não nos parece desprezível para ninguém.

Julgamos, assim, enriquecido o CPP, não exatamente com uma novidade, pois algumas leis extravagantes (reguladoras de casos específicos) como o Código de Trânsito Brasileiro, a Lei de Drogas e a Lei Maria da Penha, já contemplavam, entre nós, medidas de caráter cautelar substitutivas do encarceramento preventivo.

Verdade também que, à míngua de normas processuais caseiras, alguns juízes do crime já vinham substituindo a prisão provisória com suporte legal nas Medidas Cautelares do Código de Processo Civil onde, pelo art. 798, "poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.”
A rigor, uma ilegalidade ante a carência instrumental do CPP.

Outra boa novidade da lei é a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar, em favor de acusados: maiores de oitenta anos, ou sujeito a severas conseqüências de doença grave; que sejam necessários aos cuidados especiais de menor de sete anos de idade, ou de deficiente físico ou mental; gestantes a partir do sétimo mês de gravidez ou, sendo esta de alto risco, independente do tempo de gestação.

Nada exclui, entretanto, a urgência de aperfeiçoamentos mais ousados que melhor afeiçoem a prestação jurisdicional às expectativas da moderna sociedade brasileira. Prazos processuais não podem obrigar apenas a advogados e reparos são indispensáveis na abundância de recursos protelatórios, capazes de esticar para onze anos o êxito de julgamentos como esse que o Brasil, estupefato, acaba de presenciar no caso Sandra Gomide.

Em síntese, a lei nos parece boa e agrega melhoras. É ver o uso que dela farão os tribunais e buscar novos avanços.
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(Publicada em 26.05.2011 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Neneco Passarim #

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Maio,2011

Arte: Francisco de Souza (O Chico), por Luciano Baia Meneghite.


Hoje, causos da roça. Vamos ver se “dou conta” de não parecer apenas um bobão. O desafio é passar a quem não é mineiro, nem do mato, a “graça” que percebo nessas histórias de outros tempos. Se bem que, com as cidades consumindo música sertaneja, divulgadíssima até no horário nobre da Globo, o Brasil passe por caipirização que talvez me ajude. Vocês viram o livro didático do MEC oficializando o “nóis vai”? Antão vamo lá.

- O negócio é conforme o seguinte: Quando Deus fez o mundo e, no terceiro dia, mandou a terra produzir as erva e as árvore – tá na Bíblia – o que Ele fez na verdade foi despejar, lá da banda de riba cá pra baixo, um saco de semente, que ali tinha semente de tudo que era mato. No que caiu a primeira chuva, exprudiu aquela brotação geral que veio dar em tudo que inxiste, com raiz e com foia, nesse mundão de Deus.

Pera aí, Neneco, banana e bambu não têm sementes. Como foi que nasceu, então, o primeiro pé de banana?
-Bão, isso aí é conforme o seguinte: Mistério de Deus! E nos mistério de Deus nós não devemo meter a cuié.

Palavras de Neneco Passarim, a mais adorável e feliz criatura que Deus parece ter colocado no mundo com missões determinadas de ser simples e de ser bom. Colaborou com meu pai no campo por mais de quarenta anos e foi, com suas histórias deliciosas, a alegria de nossa infância. Minha e de minha irmãozada.

Morava numa casinha jeitosa, ao lado da nossa. Nela entrou ao casar-se, com vinte e cinco anos, e dela só saiu morto, em 1990, por complicações do seu diabetes.

Neneco foi pau pra toda obra: boiadeiro, carreiro, cavaleiro, controlava a água que fazia girar o moinho de fubá, o engenho de cana e fazia socar o monjolo. Engraçado e criativo que só ele, no dizer as coisas e no interpretar o mundo ao seu redor, colocava raciocínio de gente na cabeça dos bichos. Vejam só.

Soberbo, boi irrequieto que meu pai teimava em não mandar para o açougue por produzir boas filhas leiteiras, arrebentou cerca de arame farpado e destruiu parte de uma plantação de milho. Papai quis saber:
- O que houve, Neneco, o vento derrubou árvore em cima da cerca e ele passou?

- Não, Jão, aquilo ali foi conforme o seguinte:
O pasto tá muito fraco com esse tempo seco; o Soberbo viu aquele milharal verdinho e espigado do lado de lá da cerca, deve ter pensado: Ah, eu não vou ficar aqui comendo esse capim jaraguá estorricado, não; vou vazar nesse arame e me servir do bão e do mió... Não conversou, estufou o peito e levou a cerca de embrui...
Falam que boi não sabe a força que tem, mas o fidazunha do Soberbo sabe. Tá lá, redondo que nem um porco, deitado na sombra da sapucaia ruminando espiga de mio...

Não inventei nada, hem gente! Letra e música do Neneco Passarim. Mas talvez a melhor “dramatização” dele tenha ocorrido no dia em que minha mãe lhe perguntou a razão de uma galinha choca ter deixado o ninho com apenas quatro pintinhos.

Antes, convém explicar que nas fazendas antigas, onde as aves eram criadas soltas, sem métodos intensivos, quando uma galinha “entrava no choco”, alguém colocava debaixo dela pelo menos uns dez, ou doze, ovos pra bichinha não ficar ali 21 dias, no estado febril da incubação, por conta de dois ou três filhotes. A ave pode chocar tantos ovos quantos caibam sob seu corpo.

Outra particularidade é o costume de colocarem ovos de pata – cujo tempo de incubação é de 30 dias - para galinha chocar. A pata é boa mãe, mas se há riacho por perto ela vai longe com as “crianças” e as perde na correnteza. Prato feito para gaviões e outros predadores. Galinha é mais confiável. Fica ciscando por perto, atenta aos piados de perigo emitidos pela comunidade galinácea.

Pois bem, minha mãe vendo a carijó caminhar pelo quintal com quatro pintinhos, ficou curiosa:
- Ela chocou apenas quatro ovos, Neneco?

- Não, Da. Maria, isso aí se deu conforme o seguinte: essa galinha já tava no ninho, chocando quatro ovo dela, tinha uns cinco dias. Veio o moleque do seu filho, o Tiãozinho, e resolveu completar dez ovo, colocando outros seis... Só que ele colocou ovo de pato! Uai, coitada da galinha! Deu os 21dias, nasceu os quatro pintinho... Pros baita ovo de pato virar fióte ainda faltava muito tempo!

A galinha ainda esperou mais um dia... dois dia... no terceiro, os quatro pintinhos já empenado começaro a correr em roda do ninho, a mãe preocupada dos bichinho caçar rumo, olhou mei de banda praqueles seis ovão encrencado, e falou:
- Ah, com esses aí num tem jeito, não. E raspou fora!
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(Publicada em 19.05.2011 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

domingo, 15 de maio de 2011

Gazeta de Leopoldina - Cartas do Leitor

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Prezado conterrâneo e amigo, Lúcio Sampaio

A nota Candidatura, em sua deliciosa COLUNA SOCIAL da Gazeta de junho/95, na qual o amigo considera nossa possível candidatura à vereança nas próximas eleições, só persiste como fruto da enorme bondade e simpatia do Colunista. Certamente um destaque sobre o que, por hora, não se cogita.
Agradeço, todavia, a delicadeza.

Na verdade, amigo Lúcio, não passo de um advogado de empresas, um técnico, portanto, de origem modesta, mas sem lastro popular/eleitoral. Meu interesse pela política é apenas cultural, coisa de homem racional inserido no seu tempo.

Quanto ao mandato, propriamente dito, temos muita gente boa e amiga para concorrer, com chances efetivas. Para mim, cai melhor aquela primeira fila do teatro, a do gargarejo, donde eu possa aplaudir de pé valores como Nilo Ramos, Ely Rodrigues Neto, o ex-prefeito Márcio Freire, o atual prefeito José Roberto de Oliveira, todos juntos, muito breve, num mesmo palanque, construindo uma Leopoldina maior e mais bela.

Parodiando Martin Luter King, eu também tive um (este) sonho.
Acho que quem viver, verá.
Grande abraço,
José do Carmo

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Velho amigo e vereador, Nilo Ramos

É imprescindível dizer-lhe que muito me lisonjeou a amável nota, Volta às origens, publicada em sua atraente coluna informativa da edição de junho/95, da nossa Gazeta.

Tem significado muito especial para mim receber boas-vindas, na volta à minha terra, exatamente daquele amigo que, em novembro de 1957, tão jovem quanto eu, deslocou-se da Glória à Rodoviária Interestadual do Rio de Janeiro, na Praça Mauá, para receber um companheiro de 18 anos que chegava pela Tavil, de Leopoldina, com o equivalente a meio salário-mínimo costurado no bolso da calça, para arriscar a sorte na cidade grande.

- Deus foi muito bom para nós, não foi, meu caro Nilo?
Na Presidência da República, Juscelino Kubitscheck, mesmo envolvido na criação de Brasília, dispunha de tempo, engenho e arte para garantir oportunidades à nossa juventude. Fui para o Banco Nacional de Minas Gerais, você, o Nilo de Almeida Ramos, para o Banco Mineiro da Produção. Nilo estudou Direito na Faculdade do Catete; eu, na Praça XV de Novembro. Havia emprego, escola superior ao alcance dos jovens trabalhadores e até refeições a preço simbólico no indefectível Restaurante do Calabouço, da U.N.E. Uniâo Nacional dos Estudantes. (O atual Ministro José Serra, naquela época, passou por lá; o Senador Artur da Távola, também).

Éramos rapazes pobres - como disse o Belquior - sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes, mas vínhamos do interior com muitas canções do rádio na cabeça, a nos lembrar que tudo era divino, tudo era maravilhoso...
A gente estudava, trabalhava, fazia vestibular, fazia concursos e, só de vez em quando, se permitia alguma liberalidadezinha...

Neo-liberalismos, não. Não conhecemos isto, nem nada disto advindo, como desemprego, subemprego, camelotagem, sacolagem, recessão, demissões coletivas de pessoal concursado ... Nada disto. Fomos uma juventude feliz.

Quem primeiro mencionou Anos Dourados, deve ter se dourado no sol do Posto-2, em Copacabana, que também caiu de moda há muito tempo.
Muito obrigado, querido amigo Nilo Ramos, pela carinhosa acolhida.
É um privilégio estar em Leopoldina.
Abraço,
José do Carmo
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( Gazeta de Leopoldina, julho de 1995)

Gazeta de Leopoldina - Trivial Anotado

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Outubro, 1995

0 factotum Serjão

A periodicidade mensal da Gazeta tende a deixar a gente na mão quanto à atualidade dos fatos. No instante, porém, em que esta nota é redigida, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, homem em muitas frentes superdotado, presta-se ao ridículo papel de pugnar pela reeleição do presidente . Ora, todo mundo sabe que a aprovação da emenda é inviável e, sobretudo, inoportuna sua colocação agora, a quatro anos das eleições, porque interfere prejudicialmente no andamento das reformas, as quais a gente supunha que o governo julgasse importantes. Agora vemos que não é bem assim: importante é reeleição ...

Herança do Chalaça

Vem da República Velha esse grotesco servilismo palaciano. Mal um presidente é empossado, surge à boca de cena o cajoleur de plantão defendendo a permanência do chefinho. No caso do atual governo, um casuísmo totalmente injustificável, por envolver pessoas respeitáveis de um governo que se pretende sério. É claro que Fernando Henrique foi uma boa escolha do eleitorado e está popular. Mas não seria um gesto de irresponsabilidade pública submeter a Constituição à prova só para massagear-lhe o ego?
Imagine se depois de Fernando Henrique vem a mulher do Zé Rainha, encarcerada pelo desaviso de um Mandado Judicial que certamente fará dela deputada federal.

O espaço da província

Deixa pra lá. Foco na província. A história exige que órgãos como a Gazeta de Leopoldina assumam compromisso mínimo com fatos locais. Não fossem, por exemplo, os registros provincianos do antigo jornal "O Leopoldinense", minuciosamente levantados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro pelo historiador, Wander José Neder, não teríamos hoje mapeamento e dados completos da viagem de Dom Pedro II a Leopoldina, no dia 30 de abril de 1881. Visita, aliás, que não teria sido a primeira, mas a segunda, de S.M. Imperial ao município. Quem tiver a curiosidade de conferir, tente encontrar o número-6, do jornalzinho "Reencontro", dos ex-alunos do Colégio Leopoldinense, com edições infelizmente suspensas por falta de patrocínio.

Aliás, o “Reencontro" anda à cata de Mecenas que o devolva às rotativas. Se aparecer ganha um afetuoso diminutivo. Sendo José, vira Zezinho, se for Antonio, vira Tunico.
Rico pródigo é assim: sempre exposto a diminutivos.

Vem mais, vem mais... Bateeeu!

Os oitis das ruas de Leopoldina, com poda retangular; tornaram-se marca registrada da cidade e, portanto, um padrão estético digno de especial atenção. É evidente que a composição retilínea do nosso arvoredo - independente de considerações quanto ao seu bom gosto - integrou-se, de forma indelével, à memória da cidade.
Em algumas ruas, compreensivelmente, o replantio anda meio preterido por obras mais urgentes, prioritárias. Em outras, no centro, os caminhões-baú, nas manobras de entrega ao comércio, agridem impiedosamente o tradicional ornamento. Há dias, um poderoso baú-mercedão-trucado, de conhecida loja de eletrodomésticos de Juiz de Fora, estraçalhava galhos na Cotegipe.
Veículo pesado em rua central é estorvo que danifica também calçamento e redes de serviços públicos.
Legislar sobre trânsito é competência da União, mas impor respeito ao patrimônio municipal, se for o caso, com espessura na multa, é por aqui mesmo, ô parente!

Tá barato, parente

Interessante esse uso do parente em Leopoldina, por algumas pessoas, principalmente no comércio. O hábito paroquial funciona como uma espécie de vocatico, igual ao chê dos gaúchos.
É um achado simpático e valeria a pena especular sobre a origem da coisa. Para mim, pode ter começado no antigo armazém do Joaquim de Oliveira, na esquina da Rua das Flores com Rua João Neto. Eu era criança e ficava intrigado quando o Joaquim e seus balconistas chamavam de parente a todos que entravam lá.

Shakespeare, e a tragédia tupiniquim

Para irritar nosso articulista José Geraldo Soares que tem lá um justo pé atrás com o Bacen, Gustavo Loyola, mui digno presidente da autarquia, acaba de dizer, em entrevista publicada n' O GLOBO de 10.11.95, que é obrigação do Governo socorrer (a fundo perdido) os bancos privados, para preservar a confiabilidade do sistema ...
A gente que é índio vestibulando nessa aldeia de caciques PHD, perde duas luas rasurando o cérebro no silogismo:
a) no caso, então, de banco privado falido estatiza-se o prejuízo (Isto é, o povo paga para os Calmons de Sá não desestabilizarem o sistema financeiro com suas remessas a paraísos fiscais);
b) já no caso da Vale do Rio Doce; Petrobrás, Belgo-Mineira, Banco do Brasil, etc., padrões gerenciais que dão lucro e detêm patrimônio de expressão planetária, privatiza-se o lucro (e todo o ativo) à guisa de gentil presente ao inquilinato do poder, e... na contrapartida de moedas podres! ...
- "Apesar de ser loucura, revela método" - diria Polônio, no Hamlet.

Os governos passam, o BB fica

Enquanto as bolsas brasileiras despencam na corda arrebentada dos bancos privados, o Banco do Brasil assina acordos de cooperação interbancária com a Rússia e países do Leste Europeu. A assinatura do documento pelo diretor da Área Internacional, aos 14.11.95, abre as portas do mercado financeiro russo - e de sua extensa área de influência - ao Banco do Brasil, provando ser esta uma instituição que se amolda e se supera. Sempre, aliás, se soube na administração do Banco do Brasil, que o fim da inflação mensal de dois dígitos prejudicaria mais a concorrência, porque o BB sempre preservou a tradição e o know how do investimento em atividades produtivas.

Todo o poder ao Bacen

Medida Provisória baixada pelo Governo em 17.11.95, permite ao Banco Central: a) intervir nos bancos em dificuldade; b) desapropriar as ações e transferir seu controle acionário a terceiros; c) afastar a diretoria e vender bens pessoais dos proprietários dos bancos; d) considerar os sócios controladores particularmente responsáveis (inclusive com bens pessoais) nas encrencas do banco.
Do ponto de vista dos depositantes e dos credores, é perfeito. Na idiossincrasia do banqueiro, entretanto, a tranqüilidade deles talvez venha a depender: a) de um divórcio, com todos os bens em nome dos filhos; b) de uma lobotomia que remove, nele, aquela parte do cérebro onde reside a noção do perigo e o medo de cadeia; c) de que todo o seu capital, aplicado no negócio, seja objeto de roubo ou furto...

À posteridade

Quem vier a ler esta Gazeta, daqui a uns duzentos anos saiba que outubro de 1995 tem sido de boas chuvas na região, de recuperação das pastagens após alguns meses de estio, e de bastante dificuldade no comércio, sobretudo pela escassez do crédito. O povo, entretanto, vai bem melhor do que sempre: o litro de leite vale dezoito centavos para o produtor (já esteve bem pior); um frango, ao consumidor, menos que um real; e os flanelinhas ganham até cinco reais para lavar um carro!
O compositor, Renato Russo, pergunta numa canção: - Que país é este?...
Realmente, não deve existir outro lugar neste mundo esférico onde alguém possa comer frango a semana toda só porque lavou um carro.
Teremos manga, em dezembro.
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(Publicada na Gazeta de Leopoldina de outubro de 1995)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ilusões

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Maio, 2011


Quem lhes denuncia virtudes na ilusão não é sábio nem poeta. Apenas o que amanheceu confuso e talvez reclame compreensão e piedade. Arranhei, sim, o tornozelo numa plantinha de espinhos contundentes, conhecida como “sensitiva”, a qual maldizem possuir virtudes alucinógenas, similares às de outra espécie, priminha dela, famosa por suas folhas psicodélico-infratoras.

Para ajudar ainda menos, Guimarães Rosa pelas encruzilhadas sinápticas do bestunto a recitar que “a vida não é entendível”. O resultado, cá eu, do meu canto, a despertar manhãs sem utopias. Daquelas em que o homem arrosta sua pequenez diante desse espasmo de onipresença a que chamamos “nós mesmos”, frágeis interrogadores das inconsistências do estar no mundo.

Meu alterego e guru, onipresente, pondera nossa finitude – dele e minha – e proclama provas irrefutáveis de que nesta vida tudo é ilusão. Difícil discordar, pelo menos no tocante à maior parte das coisas. Diria que tudo o que a vida nos oferece, nessa embalagem para presente que é o viver, seriam, sim, meras ilusões. Garranchos num quadro negro que o apagador da morte absorverá sob forma de pó. 

Duro o enigma de estar no mundo por esta centelha a que chamamos vida, com seu sentido nebuloso e desfecho aterrador.

Pisamos um universo que se expande, os astros ganhando distância entre si qual manada de bodes que pondera o desembesto da volta, na hecatombe definitiva em que tudo se reverterá ao nihil.

Passageiros da ilusão do ser, seguimos irremediavelmente atrelados às galáxias no caminho do nãoser, quando nada escapará ao pó e ao espaço. Nem o granito, nem o diamante, nem os cometas com suas órbitas setuagenárias, nem os mais longínquos rochedos que os aprisionam.

Temos, todos, encontro marcado em novo estrondo epilogal que antecederá a quietude definitiva. Não soará um lamento pelo Everest ou pelo David de Michelangelo!

Há prudência, pois, no cativar ilusões. Elas nos servem à alma como o fígado ao corpo. Salvam-nos, a cada instante, atenuando as toxinas da realidade trágica de que nascemos protagonistas.

A quem me responde o espelho? Apalpo-me e não me acho. Constato-me e não me creio. Descaindo do azul, lá fora, um sol ingenuamente equívoco e sua luz provisória. Luz última a também nãoser quando todos os sóis se apagarem.


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(Publicada em 12.05.2011 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

terça-feira, 10 de maio de 2011

João Rodrigues

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(Foto: Janeiro, 1968)


João Rodrigues foi um agricultor e pecuarista leopoldinense, nascido em 23 de agosto de 1911 na localidade rural denominada Sítio Puris, no Bairro da Onça, e falecido em Leopoldina aos 23.03.1974. Era filho do também agricultor Antonio Augusto Rodrigues (Totônio Rodrigues) e de sua esposa, Maria Antonia de Oliveira Rodrigues (Mariquinhas).

João e seu seis irmãos foram criados na propriedade de Totônio e Mariquinhas, na Boa Sorte, mais exatamente o lote nº22 da Colônia da Constança, adquirido pela família em 1924. Casou-se, em 1937, com a prima de segundo grau, Maria Pereira Machado Rodrigues (Pequetita), professora na escola pública da Vargem Linda e, nesse lugar, também conhecido por Lajinha, nasceram os quatro primeiros dos onze filhos que o casal veio a ter.

A residência era a própria Casa da Escola, construída por João – e que ainda hoje existe - onde a família residiu até o ano de 1945, ocasião em que Pequetita obteve transferência para a Escola do Bairro da Onça, que funcionava numa sala contígua à Capela de Santo Antonio. Por essa ocasião, a família passou a residir no Sítio Puris, onde João nascera.

Autodidata, inteligente e bem informado, João gostava de ler revistas, principalmente Seleções do Reader´s Digest, e também jornais que, naquela época, não chegavam com regularidade ao meio rural. Fazia pouco alarde de suas preferências políticas, mas era simpático ao PR de Artur Bernardes.

Por herança e por compra ou cessão de alguns irmãos, fixou-se no Sítio Puris, que era parte da antiga Fazenda Puri. Nessas terras, além do cultivo de cereais, construiu com suas próprias mãos, curral, paiol, tulha, engenho de cana para fabricação de rapadura e açúcar, olaria, serraria e um moinho de fubá movido a água. Chegou a conquistar, dentre muitos outros, o 1º prêmio, na Exposição Agropecuária de Leopoldina, pela qualidade do produto de seu moinho.

Muito habilidoso, trabalhava com couro, madeira, ferro, hidráulica, eletricidade, construção civil e na ordenha e manejo do gado. Seus empregados se ocupavam apenas da lavoura (plantio e colheita) e da roçagem dos pastos. Todas as demais tarefas João as realizava pessoalmente, com refinado “engenho e arte”.

Por volta de 1946, João dotou a sede da propriedade de água encanada e sanitários - o que, na década de 40, era bastante incomum nas fazendas. Em 1948, juntamente com o vizinho e cunhado, Odilon, eletrificou o Sítio Puris, trazendo posteamento e rede a partir da venda do Timbiras. Pouco tempo depois, tomou a si a tarefa de recuperar teto, paredes e pintura da Capelinha de Santo Antonio, da Onça. (Não é dele – ressalve-se – a desfiguradora reforma do teto que lá está, feita muitos anos depois)

Em 1955, para facilitar a educação dos filhos, muito sacrificados com idas e vindas, a cavalo, ao Colégio Leopoldinense, João e Pequetita adquiriram casa na cidade e se mudaram. Mas a partir daí, e até seu falecimento em março de 1974, foi João que passou a ir, todas as manhãs, tocar a vida do Sítio, que era o sustento de sua família.

Seu falecimento, em março de 1974, se deu em conseqüência de ferimentos em um desastre automobilístico. Após sua morte a família transferiu residência para o Rio de Janeiro (RJ).

João Rodrigues foi um homem muito comunicativo e popular no meio em que vivia. Sempre de bom humor, gostava de rir e fazer piadas com os amigos. Parecia viver algumas situações pelo simples prazer de fazer graça. Um exemplo disto foi o pequeno cavalo que possuiu, chamado Guarani, no qual costumava ir à cidade. Sem dúvida que ele poderia possuir – e muitas vezes possuiu – um animal maior e melhor. Guarani, além de muito pequeno, era ruim de marcha (trotão), o que tornava pouco agradável cavalgá-lo. Mas João gostava de usá-lo. Certa ocasião, o ex-expedicionário da FEB na Itália e primo de minha mãe, Derneval Vargas, comentou comigo em tom de pilhéria:
-Que coisa mais esquisita é aquela! Seu pai um homenzarrão de quase dois metros de altura cavalgando aquele minúsculo Pequira! Parece até que ele está com um cavalinho de brinquedo no meio das pernas...

Além dessa pessoa alegre, João era também extremamente solidário com os menos favorecidos. Estava sempre ajudando pessoas em dificuldade. Mas João foi, sobretudo, um forte, um bravo, um lutador incansável. Suportou a dura tragédia da perda de três filhos ainda jovens, dos onze que teve. Criou os outros oito com os dotes da terra, fecundada com suas próprias mãos. Ele fez jus aos versos de Homero, na Ilíada, pronunciados por Ulisses em tributo ao herói, Aquiles:

Se um dia contarem minha história, digam que andei entre gigantes.
Os homens nascem e morrem, como o trigo no campo.
Mas esses nomes jamais serão esquecidos.
Se um dia contarem a minha história,
digam que vivi no tempo de Heitor, o domador de cavalos...
Digam que vivi na época de Aquiles. 

Quando de seu falecimento, a Câmara Municipal de Leopoldina consignou um voto de pesar à família, cujo agradecimento fizemos nos termos da correspondência abaixo:

Rio Verde (GO), 22 de abril de 1974.

Ao
Exmo. Sr. Vereador
Dr. Dalmo Pires Bastos

Amigo Dr. Dalmo,

Chega-nos hoje o conhecimento de que o Legislativo Municipal de Leopoldina, por moção partida de V. Exa., em sessão de dois do corrente, dignou-se dirigir a nossa família um voto de pesar pela morte de nosso inesquecível pai.
Com esta, vimos manifestar a V. Exa. a gratidão da família, ao mesmo tempo em que nos permitimos solicitar-lhe faça chegar à Mesa, e a cada um dos membros dessa Casa, sinceros agradecimentos.
-Nosso pai, João Rodrigues, não viveu muito. Mas aos 63 anos de sua fecunda existência, soube legar aos filhos o exemplo que foi de chefe de família, de cidadão honrado, de homem do trabalho e, sobretudo, de bondade.
-Consola-nos, hoje, saber que ele partiu deixando realizado todos os seu sonhos; posto que fossem de homem simples esses sonhos.
Mais chegado aos humildes, e essencialmente humilde, nunca almejou a fortuna ou a notoriedade mundana. Lutou não mais que pela educação e bem-estar dos seus, o que arrancou da sorte e da terra, com amor, perseverança e áspero sacrifício.
Tinha no modo simples de ser e na singeleza da vida que gostava de viver, sua maneira própria de ser feliz e de ser bom.
Deixou-nos cedo, mas tendo conhecido a glória, quase sempre rara, de ver-se realizado em si e, na realização dos filhos. Amigo de todos, foi homem de bem na mais completa inteligência da expressão.
-O conforto que – por seu passamento – nos traz essa Casa de Representação Pública, nós o recebemos como justa homenagem da terra querida à memória de seu filho exemplar.
E tal como a inscrição celebre, nós a colhemos no fundo do coração, pois “esta é a glória que fica, eleva, honra e consola...”
Cordialmente,
José do Carmo Rodrigues
₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪
(Dados desta biografia foram extraídos do livro “Os Rodrigues da Fazenda Puri”, de José Luiz Machado Rodrigues – Luar Artgraf Ltda. – Leopoldina, MG – 2006)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Morte do Bin Laden, o que pensar?

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Maio, 2011


Osama Bin Laden deu trabalho e despesas. Dez anos de buscas e milhares de dólares aplicados em sua procura. Para quem supunha que a fera pudesse estar precariamente malocada numa caverna qualquer das montanhas do nordeste do Afeganistão, foi surpresa encontrá-lo numa ampla mansão da cidade turística de Abbottabad, a 50 km de Islamabad, a capital do Paquistão.

Abbottabad é cidade turística notável por seu clima aprazível, a 1.260 metros de altura (quatrocentos metros mais alta que Petrópolis, RJ), pelo alto padrão de suas instituições de ensino e estabelecimentos militares. Muito ao contrário da indigência e abandono em que se o supunha entocado, Bin Laden desfrutava de pouso privilegiado em local bastante compatível com os 300 milhões de dólares de sua propalada fortuna pessoal.

Os assassinatos por ele cometidos, tomando-se em conta apenas os do ataque de 11 de setembro de 2001, passaram de 3.200 vítimas: no World Trade Center, 3.045, entre mortos e desaparecidos; no ataque ao Pentágono, 125 mortos; no avião caído na Pensilvância, 44 mortos. Ao todo, 19 sequestradores e suas 3.195 vítimas inocentes.

Em operação de legalidade discutível – já que incluiu violação de espaço aéreo paquistanês – embora eticamente justificável, um comando militar americano, partindo de base próxima, no Afeganistão, apeou de helicópteros atiradores de elite bem no interior da mansão do terrorista, cujo corpo, minutos depois, já esfriava enrolado num lençol, a bordo.

John Brennan, autoridade em assuntos de terrorismo da Casa Branca, afirmou em entrevista à Fox News, que os militares poderiam não matar Bin Laden, aceitando sua rendição, sob certeza de que ele não carregasse explosivos junto ao corpo e não representasse qualquer perigo. Ou seja, Bin Laden teria que ficar nu, segundo interpretação de alguns jornais. Ignora-se a ocorrência de tal negociação.

Sem dúvida que a prisão do terrorista, com sua submissão a julgamento, tal como Israel procedeu com Adolf Eichmann, cairia melhor para os USA. Algo como anunciar: nosso império é o da lei e não nos nivelamos a terroristas...

Compreende-se, entretanto, que isto não tenha sido possível. No momento crítico da operação de guerra o soldado pode não ter mais que dois segundos para tomar uma decisão que pode lhe valer a vida ou a morte. Nenhuma censura, pois, ao militar que puxou o gatilho. Menos ainda se a ordem recebida era exatamente esta...

Mas há algo mais discutível nesta história: constava, até ontem, que a pista crucial para que Osama bin Laden fosse encontrado – no caso, o nome do mensageiro do líder, que passaria a ser seguido – foi obtida sob tortura. Segundo documentos revelados pelo site Wikileaks e publicados no britânico The Daily Telegraph, um dos responsáveis pelo atentado de 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed, “soltou” o nome do homem, na prisão de Guantánamo, sob tormentos físicos.
Nesta quarta-feira, 4 de maio, foi o próprio diretor da CIA, Leon Panetta, que revelou a prática de afogamento simulado para arrancar informações ao terrorista preso.

O que é lamentável. É certo que o famigerado saudita, wanted dead or alive (inclusive com o indefectível valor da recompensa), pronunciou louvores a Alá pelo sucesso de sua hedionda implosão das Torres Gêmeas, confessando a autoria do morticínio. Eliminá-lo, a partir daí, tornou-se uma questão de honra nacional para os USA.

Nosso ex-presidente Geisel afirmou em suas memórias que considerava a tortura justificável, em certas circunstâncias... Geisel, porém, jamais foi ou será uma unanimidade. Na verdade a tortura é sempre inaceitável. Ela tem raízes na vileza do indivíduo que a aplica. É o vazio da dignidade humana. O torturador é, invariavelmente, um ser iníquo.

Se a tortura estiver, pois, na base das informações que levaram os helicópteros americanos a Bin Laden, terá o assassino marcado um tento ao cair morto: o inimigo desmentiu a vantagem ética oponível à sua barbárie. O fundamentalismo professado pela Al-Qaeda não serve a outra causa que não seja a da contraposição obstinada aos valores da civilização ocidental.
E são esses os valores dos quais não podemos abrir mão.

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(Publicada em 05.05.2011 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

domingo, 1 de maio de 2011

Maria Fumaça

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Quem é mineiro vai
Quem é mineiro vem,
Eu saí de Minas,
Não avisei ninguém.

Fui virar o mundo,
Minha mãe chorou,
Embarquei no dia
Que meu pai calou.

Maria Fumaça,
Lá ficou meu bem,
Um trem rompedor
E eu naquele trem.

Pára pra por água,
Pra embarcar café,
Se não fosse a mala
Eu seguia a pé.

Foi no Arraial da Onça
Que eu peguei o trem,
Era muita lenha
E eu segui além.

Meu coração tá aqui
Mas ficou lá também,
Curva do Timbira,
Largo do Armazém.

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Quem por aqui me dá nova

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Quem por aqui me dá nova
Dum amor que já foi meu,
O dono andava sumido,
Agora já apareceu.

Cabra que ´tiver com ela
Se for nego de opinião
Sabendo que eu tô de roda
Não larga mais o facão.

Mas se for um poeeeeta
Que não tenha medo da morte,
Nem de morrer faça conta,
Sabendo que de mim se trata
Não larga as facas de ponta.

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(Calango ouvido nos anos 60 numa festa de fazenda, no interior de Minas)